Thursday, December 22, 2005

"What's the point?"

Todas as existências se justificam de uma forma ou de outra. Há sempre um acto ou um acontecimento, ao longo de cada vida, que por si só serve de motivo para a mesma. Existe, aliás, um filme de que gosto muito que fala disso mesmo, o “Signs”, onde M. Night Shyamalan pretende demonstrar que todos os acontecimentos, por mais estranhos e/ou injustos que possam parecer, têm uma justificação, um motivo, mesmo que este não seja visível ou compreensível durante anos (pena que muita gente tenha visto o filme na perspectiva errada, como se fosse um qualquer filme de aliens, quando os aliens ali não passam de um pretexto “for a higher purpose”).

Em todo o caso, não foi para falar do “Signs” que eu comecei este post. Foi para falar da justificação da existência de cada um. Seja por uma palavra a um amigo, por um gesto num momento difícil. Seja por uma música que marca uma vida de alguém (e tantas existem que marcaram milhares, estou agora mesmo a ouvir U2, mas também podia falar de Queen ou tantos outros), por um livro, por um filme, quem sabe por um simples olhar.
Muitas vezes, o mesmo conceito pode justificar várias vidas. Tal como JRR Tolkien viveu para escrever “The Lord Of The Rings” e criar todo o universo da Terra Média (e estamos a falar de um linguista, que começou por criar o “élfico” enquanto linguagem e apenas depois passou para o resto), Peter Jackson viveu para o filmar (quando até aí só tinha feito praticamente filmes gore, embora de boa qualidade para o género) e Christopher Lee para interpretar Saruman (depois de tantos filmes de terror de série B e tantos anos sem papéis de maior importância). E eu nem sequer estou a entrar em exemplos mais “grandiosos”, ao nível de todos os voluntários de iniciativas de caridade e desenvolvimento de países de terceiro mundo, de pessoas como a Madre Teresa ou Bob Geldof, de grandes políticos (sim, nem todos são corruptos ou interesseiros), de grandes economistas ou grandes cientistas nos vários ramos.
Podemos passar uma vida inteira a tentar forçar esse momento e ele pode chegar quando menos esperamos. Pena é que uma grande maioria das pessoas (quase todas) não chegue a ter a noção de qual foi. Resta-nos acreditar numa existência pós-morte em que tenhamos oportunidade de o saber.

8 comments:

bone daddy said...

:)

Anonymous said...

Sempre que "tocas" em alguém, justificas a tua existência, e vice-versa. Sobre este assunto, deve-se pensar só o suficiente, sob risco... Bjk

Andy said...

Bolas, Ryder, que isto está profundo... gostei do facto de usares personagens e acontecimentos ligados ao cinema para provares a tua tese de partida: que cada existência tem o seu propósito.
Muito bem.

Anonymous said...

voces diziam que faltava-vos a inspiração... pode ver-se que ela está de volta!! mt bom post!

FlashGordon said...

Tal como a Alexandra reafirmo a qualidade do post. Quando dizes "E eu nem sequer estou a entrar em exemplos mais “grandiosos”, ao nível de todos os voluntários de iniciativas de caridade e desenvolvimento de países de terceiro mundo, de pessoas como a Madre Teresa ou Bob Geldof, de grandes políticos (sim, nem todos são corruptos ou interesseiros), de grandes economistas ou grandes cientistas nos vários ramos." o que é a pura das verdades, desmoralizo quando sou confrontado com o outro lado da realidade. À volta desses grandiosos giram as sanguessugas e os parasitas que tornam o nosso Mundo pior.
Parabéns Ryder pelo post e ainda bem que sei que te vou ter ao meu lado.

bone daddy said...

Acabei de ser informado que um simples "smile" não era o suficiente para que o autor deste post considerasse relevante o meu comentário sobre o mesmo. Assim sendo, tentarei escrever algo mais elaborado na esperança que, desta forma, tudo aquilo que penso sobre o assunto em questão fique esclarecido.

"Todas as existências se justificam de uma forma ou de outra". Eis a sábia frase com que o meu colega bloguístico Ryder iniciou este post. Pessoalmente, concordo com ela apenas em termos relativos.
Por um lado, pode imaginar-se onde estaríamos se, por exemplo, Sir Isaac Newton não tivesse existido... Ou Thomas Edison... Ou Guglielmo Marconi... Provavelmente dir-me-ão que, se não fossem eles, alguém mais cedo ou mais tarde iria ter chegado às mesmas conclusões e descobertas. Não duvido... A questão é que poderiam ter sido 20, 50 ou 100 anos mais tarde o que, invariavelmente, teria atrasado as coisas significativamente. Provavelmente estaríamos ainda a andar de locomotiva a vapor e a não ter mais nada para nos entreter ao serão senão fazer mais filhos...
Da mesma forma, parece-me realmente inconcebível um mundo que nunca tenha visto "O Senhor dos Anéis" ser escrito, "Mona Lisa" ser pintada ou "Imagine" ser composto.

Antagonicamente podemos pôr-nos também a reflectir acerca daquilo que ficou por fazer... O cientista brilhante que nunca conseguiu apoio institucional para o seu trabalho, o artista genial que morreu atropelado por uma locomotiva a vapor antes de ter pintado qualquer gravura ou o violinista virtuoso que nasceu antes do instrumento ser inventado...

Da mesma forma, acredito que existem pessoas cuja existência não se justifica de maneira nenhuma... Falo do violador, do assassino, do terrorista, do pedófilo, etc.
Não quero com isto dizer que estas vidas não tenham tocado as vidas de outras pessoas. Muito pelo contrário. Não o fizeram foi de uma forma positiva. Justifica-se a existências de tais pessoas? Justifica? JUSTIFICA OU NÃO?

NÃO JUSTIFICA, POIS NÃO?

Ou então justifica...

Já não sei...

O que eu sei é que existem biliões, triliões de situações passadas e futuras que, entrelaçadas, criam aquilo a que chamamos realidade.

E o resto é conversa...

FlashGordon said...

Este bu é de mais!

Morning_Theft said...

Não são precisas mtas palavras para versar sb esta temática até pq eu concordo na perfeição com a Luma no sentido em que a nossa existência já faz todo o sentido qd tocamos uma outra ou vive-versa.

Trocando isto por miúdos: qd faço os meus Sobrinhos Sorrir, qd faço a minha namorada sentir-se Amada ou os meus Amigos/Familiares Felizes, sinto-me Uno. E é aqui que a música faz, e fará sp tb, todo o sentido...