Monday, November 14, 2005

(Mas afinal qual foi) o crime do Padre Amaro?


Confesso que não sabia nada sobre este filme antes de entrar na sala de cinema. Estava na Figueira da Foz e apenas me pareceu uma alternativa melhor ao último do Zorro...
Fiquei logo desde início surpreendido com a transposição para os dias de hoje da história e lembro-me de ter pensado qualquer coisa como "Isto não vai resultar"...
Mas até resultou.
As personagens são credíveis e, apesar de se encontrarem fora do seu ambiente original, funcionam bastante bem. A realização está dinâmica e bem conseguida sendo que acompanha esta nova vaga do cinema português mais recente: o acabar de vez com aqueles grandes planos (confesso que nunca os percebi) e, acima de tudo, com aqueles planos que parecia que nunca mais acabavam e que faziam com que ao espectador lhe apetecesse ir lá fora beber um café.
Notas positivas para a estreia em cinema da dupla principal Jorge Corrula e Soraia Chaves (as cenas de sexo estão especialmente interessantes - passe o voyeurismo) e para o veterano Nicolau Breyner. Excelentes desempenhos ainda de Nuno Melo e da dupla gay Rui Unas/Diogo Morgado. Destaque ainda para a banda sonora que, apesar de muito hip-hop (??!!), está sempre contextualizada com a acção.
Nota negativa para alguma falta de coesão notada, especialmente, na parte final do filme onde algumas cenas me pareceram feitas em cima do joelho.
Em circunstâncias normais, pelos temas que aborda, este seria um filme que abalaria as fundações da igreja em Portugal mas, como nem os padres vêem cinema Luso, pode ser que passe despercebido...
Quase que apetece perguntar, tendo em conta que o filme se passa nos dias de hoje, afinal o que é que o Padre Amaro fez de mal?

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