No dia 11 de Fevereiro de 2007 os Portugueses vão decidir se são ou não a favor da "legalização da interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas" (ou qualquer coisa muito parecida com isto) quando, na realidade, a verdadeira questão que deveriam votar seria se são ou não a favor do facto de "se uma mulher quiser interromper a gravidez até às dez semanas pode fazê-lo num hospital com condiçoes de segurança e higiene ou tem mesmo de fazê-lo numa qualquer mesa de talhante".
Existirá, porventura, alguma mulher que, ao deparar-se com uma gravidez indesejada, pense para si: "Epá, não queria mesmo nada ter este filho... O ideal seria fazer um aborto mas, como tal operação é ilegal em Portugal, não tenho mesmo hipótese senão ter a criança"?
Ou, analisando o outro extremo da situação, haverá alguma mulher a usar o aborto como contraceptivo caso a sua prática se torne legal?
Nenhuma mulher toma uma decisão tão pessoal com base no contexto legal em que o aborto se enquadra. Nenhuma mulher faz depender esta sua decisão da opinião de um governo. A sua consciência é que conta. Sempre.
E isto é um facto, não é uma opinião.
Pessoalmente, sou contra o aborto. Uma criança vive a partir do momento em que as duas células se unem. E matar, seja num beco escuro ou no interior dum útero, é sempre uma atrocidade.
Mas, obviamente, vou votar a favor. Da segunda questão, entenda-se...
Thursday, December 07, 2006
Questões de referendo ou A minha breve opinião sobre esta cena do aborto
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4 comments:
Concordo com quase todo, incluindo o sentido de voto.
As mulheres devem ser livres de fazer a sua escolha, em condições de segurança, o problema é sempre o mesmo...será que com a liberalização essa escolha não é feita muitas vezes levianamente? De qualquer maneira eu também sou a favor porque parto do principio que essa opção é sempre maduramente pensada e acho que a ser feita deverá ter todas as condições de segurança.
Bom, antes de mais, dizer que o voto é secreto, logo nada de divulgar o sentido de voto, até pq, como "opinion makers" correm o risco de influenciar o voto dos outros (cof, cof...)
Mais a sério, a coisa é mais ou menos como tu disseste. Apenas me apetece referir que ( e aproveitando o comentário da filipa), se alguém é capaz de tomar um decisão destas ( a escolha) de forma leviana, então também é capaz de fazer qq uma das outras coisas (ir a uma clínica em espanha, ir ao talhante, and so on, and so on...), logo, julgo que a lei pouco deve relevar para essa gente...
E a verdade é que não há ninguém melhor que uma mãe para saber as condições (materiais e emocionais) que vai poder dar a um filho...
uma correcção:o referendo não é sobre se somos ou não a favor "da interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas",mas sim se somos a favor da despenalização dessa mesma interrupção.
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