De vez em quando surge um filme que é mais do que o contar de uma história. Foi esse o caso com “Jarhead” e é esse o caso de “Munich”, do sempre brilhante Steven Spielberg, que pretende relatar uma parte do que aconteceu no pós-atentado dos Jogos Olímpicos de Munique em 1972. Nomeadamente, da retaliação levada a cabo pela Mossad. Não vou adiantar muito sobre a história, como habitualmente, mas apenas realçar a fotografia do habitual (e genial) director de fotografia de Spielberg, Janusz Kaminski, assim como as interpretações de Eric Bana e de Mathieu Kassovitz. Pode-se argumentar que a história é um pouco tendenciosa – no sentido em que relata apenas um lado (e realmente é esse o caso) mas isso não retira mérito ao filme (pois não whatever?). E Spielberg continua a aumentar o seu repertório de géneros, mantendo sempre a grande capacidade de contador de histórias.
Saturday, February 25, 2006
Munich
Para quê... então?
Ontem fui finalmente ver o tão badalado "Brokeback Mountain". Deixo os comentários para o ryder que ele é que gosta de fazer isso... :) Comento apenas o tipo de público que estava comigo na sala. Sabendo à partida sobre o que trata o filme parto do príncipio que só lá vai quem quer... Ora em certas cenas do filme, tínhamos mais risos e piadas ditas em voz alta do que me lembro de ter visto em qq bom filme de comédia... Se é para isso... então pq é que gastam dinheiro para ir ver o filme ao cinema... pq não alugá-lo? ou esperar pela estreia na televisão?
Uma das piadas proferidas foi qq coisa como..."Isto já parece a casa pia"... este senhor não estava a ver o mesmo filme que eu... mais um ignorante que acha que pedófilia é sinónimo de homossexualidade. Se choca assim tanto estes conservadores tacanhos para quê ver o filme? servem-se da desculpa dos óscares para poderem satisfazer a sua curiosidade e depois disfarçar com risos e piadas... que nem fazem sentido???? enfim...
Friday, February 24, 2006
(Algumas) cenas que nunca hei-de esquecer por mais anos que viva...
- O "E.T." visto pela primeira vez no cinema;
- A expressão facial da minha mãe ao dar-me um presente (um boneco de corda) num dia daqueles em que nada o fazia prever (tinha eu 3 ou 4 anos);
- Um corte feito pelo Luisinho (antigo defesa central do Sporting) a uma bola pingada num jogo contra o Nápoles para a Taça UEFA;
- O sabor do Fizz de Limão;
- O meu dedo anelar da mão esquerda a ser partido por uma bola chutada por cima da baliza pelo Dimas, no Estádio José Gomes, quando este ainda estava no Estrela;
- A praia de Palolem e o cheiro de Bombaim, na Índia;
- Um golo do Juskowiak, de pontapé de bicicleta, contra o Boavista em Alvalade, para a Taça de Portugal, visto no melhor ângulo possível, por trás da baliza;
- O momento em que, durante o percurso de comboio no túnel do Rossio, ouvi Pixies pela primeira vez (o "Levitate me", numa cassete gravada já não sei por quem);
- Uma bola preta enfiada seca às 4 tabelas numa daquelas sessões de "quem-perde-paga" da altura do Secundário;
- O cenário habitual da Rua Dona Estefânia preenchido pela queda de flocos de neve;
- A passagem de ano 2003-2004 e o que dela floresceu;
- O momento em que o meu pai me levou para a parte de cima da casa, na aldeia dos meus avós, numa noite de verão em que houve um corte geral de electricidade e estava tudo mergulhado num breu imenso, para eu perceber que afinal existem mais estrelas no céu do que aquelas que normalmente se vêem.
- A primeira bezana que o meu irmão apanhou comigo;
- O pensamento totalmente imbecil e imaturo que tive no momento em que fumei uma ganza pela primeira vez com 14 ou 15 anos (qualquer coisa do género: "Fixe! Estou-me a drogar!").
- Um golo que marquei com o peito numa aula de Educação Física no Secundário;
- Um jogo para a Taça do Rei em que o Barcelona recupera de um 0-3 e de um 1-4 para ganhar 5-4 e o golo que o Figo marcou nesse jogo (contra o Atlético de Madrid);
- O desembrulhar de um presente de Natal e constatar que era um "ZX Spectrum 48K";
- O momento em que percebi o que raio era essa tal de masturbação;
- O momento em que recebi a minha primeira negativa ("Não satisfaz" a História);
- Aquele anúncio do "Coelhinho que foi com o Pai Natal e o Palhaço no comboio ao circo" (que por acaso me enviaram por mail há pouco tempo);
- O momento em que, durante uma sessão de estudo nas vésperas de um teste qualquer do Secundário, o conceito matemático de derivada fez sentido;
- Um jogo de Snooker em que não dei ao Rocha oportunidade de jogar (esse gajo sempre fez sobressair o melhor jogador que havia em mim);
- O momento em que me dei conta, cerca de um ano depois de começar a tocar guitarra, que já conseguia fazer um acorde de barra soar bem;
- O momento em que olhei em volta, depois de subir as escadinhas do metro, vindo directamente do aeroporto de Heathrow, e saí em pleno Trafalgar Square na primeira (e única) vez que estive em Londres;
- Uma noite de Natal em que teimei em não sair de ao pé da árvore de Natal para conseguir ver o Pai Natal e, no momento em que volto depois de uma ida rápida à casa de banho, ver as prendas todas e o resto da família a dizer qualquer coisa como: "Que azar, ele veio, deixou aqui isto e saiu mesmo agora porque disse estava cheio de pressa...";
- O momento em que percebi porque é que raio não caímos quando o planeta Terra está "ao contrário";
- A sensação de deitar-me em cima de uma rocha quente depois de um banho frio de rio;
- O dia 11 de Janeiro de 2004;
- O sabor do bagaço (apesar de não o provar há cerca de 15 anos pelos piores motivos);
- A música do genérico do "Cão vagabundo" (essa série mítica);
- A música de Clã "Problema de expressão" ouvida, certa noite, no rádio do meu carro;
- O meu ex-Fiat Panda a arder;
- O 3º dia dos 3 concertos seguidos que os Radiohead deram no Garage para promover o ainda não lançado "Ok Computer" e constatar que o Thom Yorke fez em palco uma referência a algo que eu lhe havia dito na véspera;
- Uma certa tarde a apanhar cerejas na aldeia dos meus avós;
- O "Lightning Crashes" cantado pelo meu irmão e pela Catarina Pedra numa certa noite, na Costa da Caparica;
- O golo do Rogério na final da Taça UEFA 2004/2005;
- Um casaco que a minha mãe me comprou quando tinha 16 ou 17 anos e que perdi passada nem meia hora;
- O World Trade Center a desabar ao vivo e a cores;
- O momento em que, por acaso, calhou estar a ver televisão e começou o primeiro episódio da "Galáctica";
- O final dum concerto de Betty Carter que apanhei à noite no Canal 2, há uns anos;
- Peta Zetas!
- O momento em que entrei no Alvalade XXI pela primeira vez (quando o relvado ainda estava a ser colocado);
- O dia em que me ensinaram a escala pentatónica numa guitarra;
- A exibição do Zidane contra Portugal na meia-final do Euro 2000;
- Um episódio em particular do Verão Azul em que os gajos se perdem para lá numas grutas quaisquer;
- O dia em que consegui finalmente fazer um duplo mortal em mini-trampolim;
- A primeira vez que fui ao planetário;
- O dia em que, no 5º ou 6º ano, ouvi falar pela primeira vez em números negativos;
- O dia em que uma alforreca veio contra a minha cara enquando nadava, num dos muitos (excelentes) dias passados em família na praia da Parede quando era criança;
- O nome da esmagadora maioria das personagens d' "Os Simpsons";
- O canto do Apolo (um canário que eu tive um dia);
- O dia 5 de Maio de 2005.
Digo por aí...
Se “The Family Stone” era um filme de domingo mas bom, este “Rumor Has It” não passa de um filme razoável, com alguns bons momentos de comédia. Jennifer Aniston confirma ser mais que uma cara bonita, Shirley MacLaine continua em grande forma, mas é Mark Ruffalo que está impagável no papel de namorado/noivo de Aniston. Rob Reiner (quem não se lembra do Michael – ou Meathead - de “All In The Family”?) já realizou de tudo um pouco (de “Misery” a “When Harry Met Sally” - mais um personal favorite -, de “Stand By Me” a “This Is Spinal Tap”) e aqui tem uma comédia levezinha, mas sem brilho. Esperem pela estreia em televisão.
Wednesday, February 22, 2006
Bem...
You could have been an intellectual leader...
Instead, your whole life is an homage to beer
You will be remembered for: your beautiful singing voice and your burps
Your life philosophy: "There's nothing like beer to give you that inflated sense of self-esteem."
Tal como ao colega papagaio bU:
Tuesday, February 21, 2006
Sobre a Dinamarca
Por muito que eu entenda (e até concorde com) o ponto de vista que o MST pretende transmitir no seu texto, é de lamentar que se baseie em princípios errados. Isto porque a Dinamarca não é de todo “uma sociedade aberta que pratica a igualdade de direitos a todos os níveis, respeita todas as crenças, protege todas as minorias, (…) acolhe os exilados, (…)”. O actual governo dinamarquês depende (entre outros) de um partido de direita, o DVP, que apelida o Islão de “Cancro” e de movimento terrorista, tendo o líder deste partido dito em várias entrevistas: “Só há uma civilização: a nossa”. Inclusivamente, desde a subida da direita ao poder (há cinco anos) que as famílias de refugiados perderam direito a algumas ajudas sociais e para obterem cidadania têm de passar por um teste de língua e cultura que faria chumbar muitos dinamarqueses.
Para mais, os cartoons em causa foram publicados num jornal, o Jyllands-Posten, cuja alcunha junto da esquerda dinamarquesa é O Fascista da Manhã, e que nos anos 30 apoiou a chegada do fascismo ao país.
Monday, February 20, 2006
Dinamarca e Arábia Saudita
«A Dinamarca não tem petróleo, mas é um dos países mais civilizados do mundo: tem um verdadeiro Estado Social, uma sociedade aberta que pratica a igualdade de direitos a todos os níveis, respeita todas as crenças, protege todas as minorias, defende o cidadão contra os abusos do Estado e a liberdade contra os poderosos, socorre os doentes e os velhos, ajuda os desfavorecidos, acolhe os exilados, repudia as mordomias do poder, cobra impostos a todos os ricos, sem excepção, e distribui pelos pobres. A Arábia Saudita tem petróleo e pouco mais: é um país onde as mulheres estão excluídas dos direitos, onde a lei e o Estado se confundem com a religião, onde uma oligarquia corrupta e ostentatória divide entre si o grosso das receitas do petróleo, onde uma polícia de costumes varre as ruas em busca de sinais de «imoralidade» privada, onde os condenados são enforcados em praça pública, os ladrões decepados e as «adúlteras» apedrejadas em nome de um código moral escrito há quase seiscentos anos. E a Dinamarca tem de pedir desculpas à Arábia Saudita por ser como é e por acreditar nos valores em que acredita?»
Miguel Sousa Tavares, in Expresso
Friday, February 17, 2006
Citando Robin Williams...
Enviaram-me hoje um mail com uma citação do grande Robin Williams (obrigado Olive). Achei-a tão boa que fui à procura de outras e deparei-me com uma série de pérolas que não podia deixar de partilhar com os ávidos leitores deste blog. Sendo este um blog (não, não gosto de escrever blogue) escrito na língua de Camões, peço desculpa pelo Inglês... Mas não fazia sentido traduzir...
Por isso, sem mais demoras...
Ladies and Gentlemen, Mr. Robin Williams:
- "God gave men both a penis and a brain, but unfortunately not enough blood supply to run both at the same time."
- "You're only given a little spark of madness. You mustn't lose it."
- "Politics: “Poli” a Latin word meaning “many”; and "tics" meaning “bloodsucking creatures”."
- "Never pick a fight with an ugly person, they've got nothing to lose."
- "Cocaine is God's way of saying you're making too much money."
- "Why do they call it rush hour when nothing moves?"
- "I'm sorry, if you were right, I'd agree with you."
- "We Americans, we're a simple people . . . but piss us off, and we'll bomb your cities."
- "In England, if you commit a crime, the police don't have a gun and you don't have a gun. If you commit a crime, the police will say ”Stop, or I'll say stop again.”"
- "What's right is what's left if you do everything else wrong."
Wednesday, February 15, 2006
Coisas que nenhum homem gosta de ouvir
- Parabéns! A mudança de sexo do seu filho correu às mil maravilhas!
- Vá lá, amor! Os sapatos ficam-me tão bem... E só custam 180 euros...
- A cerveja acabou!
- Já viste, querido? O casamento do meu irmão calha no dia daquele jogo da final do campeonato do mundo que tu disseste que querias ver com os teus amigos!
- Pai, decidi que quero aprender a tocar bateria! Compra-me uma!
- Você está despedido!
- Que bom! A minha mãe vem passar uns dias connosco!
- "This program has performed an illegal operation and will be shutdown"
- Aí não, amor... Dói muito...
- A cerveja acabou!
- "O seu saldo não lhe permite efectuar essa operação"
- Já???
- Querido, diz-me a verdade... Estou gorda?
- A cerveja acabou!
- A cerveja acabou!
Monday, February 13, 2006
A chuchar...
Antes de mais, tenho de dizer que o poster de "Thumbsucker" é excelente, com pormenores deliciosos e que ajudou a abrir o apetite para a estreia na realização de Mike Mills, um antigo realizador de videoclips dos Air ou de Moby, por exemplo. O pior mesmo foi que saí da sala um pouco desiludido. Não que a história sobre um rapaz que aos 17 anos decide que é altura de deixar de chuchar no dedo não seja interessante, ou as interpretações boas (Lou Pucci promete e Keanu Reeves não desilude, mas é a Vince Vaughn que cabe o papel mais surpreendente, bem diferente do que estamos habituados a ver), mas o filme lança várias pontas para depois as deixar soltas. A quem gostou deste filme, recomendo (vivamente) o excelente “Garden State”.
Saturday, February 11, 2006
Wednesday, February 08, 2006
Rir é mesmo o melhor remédio.
Recomendado por alguns dos leitores deste blog, as minhas expectativas para o filme “Kiss Kiss Bang Bang” eram elevadas. Para além disso, era o regresso ao cinema de Robert Downey Jr. após (mais) uma cura de reabilitação (inclusivamente, por ideia de Val Kilmer, não havia bebidas alcoólicas no set e o próprio Kilmer não bebeu – diz ele – durante todo o tempo que duraram as gravações). Downey Jr. é – na minha opinião – um dos melhores actores da sua geração (vide “Chaplin”), que inclusivamente me tornou um fã momentâneo da série “Ally McBeal” enquanto teve um papel na mesma. E neste filme podemos vê-lo de novo em grande, a tirar o máximo proveito de um argumento bem divertido escrito por Shane Black, que se mostra um mestre na arte dos buddy movies, depois de já ter sido o responsável pela escrita de “Lethal Weapon” e as suas sequelas. Agora dedicou-se (também) à realização e em boa hora o fez, uma vez que criou uma comédia em jeito de dark novel que gera inúmeras gargalhadas no público, muito à custa da típica diferença de estilos entre duas pessoas que, por motivos diversos e ocasionais se tornam parceiros (neste caso numa investigação), numa excelente parceria de Downey Jr. com Val Kilmer. Em jeito de conclusão: um filme a não perder para momentos de boa disposição. Ah, e ou muito me engano ou esta Michelle Monaghan ainda vai dar que falar.
Tuesday, February 07, 2006
Filme de domingo, mas bom.
“The Family Stone” é a primeira grande produção em que Sarah Jessica Parker entra depois do grande sucesso de “Sex and the City”, e isso é bem visível na personagem dela, com muitos pontos de contacto com Carrie Bradshaw. No entanto, na minha opinião, é das personagens que a rodeiam que vive este filme, com um elenco bem composto: Diane Keaton, Craig T. Nelson, Dermot Mulroney, Luke Wilson, Claire Danes e a confirmação de Rachel McAdams como uma actriz em ascensão. O argumento, sem ser original ou inovador, tem alguns bons momentos, alternando a comédia com o drama de uma forma coerente. Não é nenhuma preciosidade esta jóia (perdoem-me o trocadilho), mas dentro do que gosto de chamar “filmes de domingo à tarde”, está bem acima da qualidade média.
Aquelas pessoas que todos queremos conhecer:
- Os que nos deixam escolher o filme a ver;
- Os que dizem: “Conduz tu”;
- Os que nos emprestam livros ou filmes e entendem quando não os devolvemos logo;
- Os que ganham bilhetes para as coisas e como não querem ir, oferecem-nos;
- Os que estão noutros países e nos dizem: “Anda conhecer, ficas em minha casa”;
- Os que ganham o euromilhões;
- Os que não comem os chocolates que vêm com o café.
- Os que não gostam da fatia do meio da torrada;
- Os que são amigos das Top-Models.
Quem quer...
Seguindo a ideia dos bilhetes para um concerto serem o prémio para o jogo do guess who acabei nesta página onde fiquei completamente surpreendida com o preço dos bilhetes para um espéctaculo de Jerry Seinfeld. Será para quando finalmente ganhar o euromilhões... e mesmo assim não sei se pagava. Por mais que goste do Jerry... Não dava 655$usd para estar como eles dizem "Details: FRONT ROW ORCHESTRA UP FRONT VERY VERY CLOSE TO JERRY & STAGE"... would you?
Monday, February 06, 2006
A ver, no Quarteto!
"Primer" é um filme atípico. Começando pelo facto de ter um realizador que é também produtor, compositor, director de fotografia e actor, e passando pelo custo (7.000 dólares). Este é (obviamente) um filme independente produto exclusivo da cabeça de um antigo engenheiro, Shane Carruth, sobre um grupo de amigos que dedicam as suas horas livres a invenções. Não vou adiantar nada mais sobre a história, porque o filme deve ser visto com o mínimo de dados. Em todo o caso, e para usar uma definição que é do Markl e que é a melhor que li, "Primer" é assim uma mistura entre um filme de David Lynch e "Memento". Está muito bem filmado, com uma história muito interessante e original, e em momento algum parece um filme feito por um "amador".
Recomendado a quem goste de filmes que levantem questões e com finais relativamente abertos, mas talvez com mais lógica (ou com uma lógica mais compreensível) do que os de Lynch.
Friday, February 03, 2006
Diálogo divino
Vindo do meu caderno de Português do 11º ano (quase me valeu um chumbo a essa discilpina nesse ano), passando pelo http://burlesco.blogspot.com (neste momento lamentavelmente congelado), eis aqui, em 3ª mão, aquilo que realmente foi dito naquele dia.
J.C. acaba de ser crucificado e olha para baixo colocando uma expressão triunfante. Olhando também para baixo (mas um bocadinho mais acima) está aquele-que-não-tem-nome (desvantagens de ser a primeira forma de inteligência do Universo)...
- (J.C) - Ah! Ah! Chegou a hora! O meu pai pulverizá-los-á agora a todos com o seu sopro divino qu’é p’ra verem quem manda aqui!
- (Aquele-que-não-tem-nome) - Uhhh... Júnior, acho que ainda não deves ter percebido bem o que se vai passar agora... Tu desta vais mesmo de vez! Quer dizer, acho que ainda te vou pôr aí a circular uns dias, mas é só porque é para ti... Depois vens definitivamente até cá acima!
- (J.C)- Mas... Pai... Não percebo... Então eu, o herói, padeço no fim? Não pode ser... Onde é que já se viu? Este final não é digno da super-produção que é! As pessoas gostam é de finais felizes... Quer dizer, tirando os romanos...
- (Aquele-que-não-tem-nome) - Pois é Júnior, mas isto de tu morreres tem um significado! Tu estás a morrer pelos pecados dos outros! É no mínimo nobre, não?
- (J.C) - Ainda por cima mais essa! Eu que nunca fiz nada de mal... Nem sequer nunca cheguei a provar os prazeres da carne! Nem roubei, nem nada dessas coisas... E fartei-me de curar ceguinhos e inválidos e... e... (IUC!) leprosos...
- (Aquele-que-não-tem-nome) - Desculpa lá Júnior, mas tu só fazias teatro porque quem puxava os cordelinhos era eu! Mas vê o lado positivo da coisa: vais deixar de andar de um lado para o outro com uma cambada de pescadores imbecis atrás de ti.
- (J.C) - Mas Pai... Tu que salvas toda a gente... Até aquele bêbado imundo do Lázaro ressuscitaste... E agora isto... Não posso crer...
- (Aquele-que-não-tem-nome) - Ânimo Júnior! Não disseste um dia que gostavas de ter conhecido o Moisés? Ele está excitadíssimo com a tua vinda... Não fala noutra coisa! E isto cá por cima não é assim tão mau...
- (J.C) - (Suspiro) Duvido... Agora fumava era um cigarrinho mas estes pregos não ajudam nada...
- (Aquele-que-não-tem-nome) - É o preço da fama, Júnior!
- (J.C) - Mas eu nem queria nada disto... Só queria casar... Ter uma casinha nos arredores de Jerusalém... Filhos... Um trabalho honesto... Enfim...
- (Aquele-que-não-tem-nome) - Lamento mas tem de ser assim, Júnior! Até já escolhi um título porreiro para esta cegada toda: “A Bíblia”! Que te parece?
- (J.C) - Hmmm... Muito Comercial...