Saturday, January 06, 2007

Candidato Forte


Com o início do ano, começam a aparecer os candidatos a Óscar e as idas mais frequentes aos cinema. "Babel" foi o primeiro em 2007 e não podia ter escolhido melhor. Alejandro González Iñárritu já tinha demonstrado em "Amores Perros" e em "21 Grams" que filma a dor e a tragédia como poucos. Em Babel volta a fazer isso mesmo, ainda com mais qualidade.
Numa conjugação de seis histórias (com um formato a fazer lembrar "Crash" ou "Syriana"), podemos ver como a dor pode juntar as pessoas, mesmo as mais improváveis, e como a discriminação, mesmo quando subtil, pode separar. Tudo isto independemente de país de origem, cultura ou religião.
Para isso, Iñárritu juntou, por exemplo, Brad Pitt e Cate Blanchett aos verdadeiros habitantes de uma aldeia perdida em Marrocos, o pico do estrelato ao cúmulo do anonimato. Ou passa de uma cena em que um grito de dor está prestes tornar-se ensurdecedor, para o silêncio que emula o ponto de vista de uma surda-muda numa discoteca. A tagline ("If you want to be understood... Listen") é o resumo perfeito do que fica no final do filme.

2 comments:

Konieg said...

Isso q disseste, e, como em 3 penadas (ou em 2h e 15m de filme) se trata do terrorismo e/ou pânico que se gerou no ocidente dp do 9/11 (basta pensar no comportamento dos restantes passageiros do bus), se fala do problema da imigração ilegal nos EUA (ou do q se arriscam a q aconteça os mexicanos que tentem entrar ilegalmente). Ou da discriminação generalizada, no filme retratada na discriminação por quem tem uma deficiência (agradou-me a parte na disco). Um filme onde até se refere o tráfico de armas. (sim, foi pequena a alusão, mas às vezes basta pouco para por o dedo na ferida)
Junta tudo às diferenças de hábitos e costumes, ou, naquilo que para nós é menos usual vermos, apesar de sabermos,a como há tanta gente sem acesso às coisas q nós consideramos básicas.

E dp temos a figura principal do filme, que liga (qs) todas as personagens: A Arma.
Francamente, não sei se foi intencional ou se foi a minha interpretação, mas para mim fica que uma arma é sempre uma arma, e que as consequências da sua utilização nunca costumam ser muito boas... Mesmo qd são oferecidas com a melhor das intenções...

Por um lado é uma pena o formato ser tão semelhante ao Crash. Digo isto apenas porque sou fã do Crash, e não pude deixar de, desde cedo deste Babel, comecar a associar ao filme de Paul Haggis. É q se tal não tivesse acontecido, este Babel ainda me ia saber melhor. Mas isso, é mesmo o meu mau feitio...

Recomendado \o/

bone daddy said...

Agora que já o vi, posso comentar.

*** SPOILER WARNING !!! ***
Quem não viu e esteja a planear fazê-lo NÃO leia este comentário!


Sinceramente, não tendo desgostado, estava à espera de muito mais. Venerei "Amores Perros" (está no meu Top 5) e adorei "21 Grams" mas este "Babel" não me parece mais do que uma vã tentativa de fazer mais do mesmo. Três histórias (não percebo onde estão as seis) cujo elo de ligação é praticamente inexistente (já para não dizer forçado).
A partir do momento em que o velhote em Marrocos afirma que a arma lhe foi oferecida por um caçador japonês, torna-se óbvio que só pode ser o pai da jovem surda-muda.
E a história da ama e das duas crianças parece-me ainda mais despegada de tudo o resto. O que há em comum entre esta esta e as outras? O telefonema entre a ama e Pitt mostrado em histórias diferentes do filme?

Na minha opinião, trata-se de apenas três histórias (para mim há a de Marrocos, a do Japão e a do México) que, apesar de cruas e muito bem contadas, não formam aquele "bolo" delicioso que esperava.

Mas, tal como disse, não desgostei.

Iñárritu, aparentemente, não sabe mesmo fazer um mau filme.